“Pois pra mim tenho por certo que as aflições do tempo presente, não são de se comparar com a glória que há de ser revelada.” Romanos 8:18

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

“ É preciso muita fibra para chegar às alturas , e ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão ”

Tô bem melhor, meu sorriso  diz tudo
Existe um tipo de bambu chinês cujo nascimento leva quatro, até cinco anos. O curioso nessa espécie é que, antes mesmo de nascer, ele já está crescendo. Como se numa gestação subterrânea, esse vegetal cresce para baixo, para os lados, mas apenas por dentro do solo.
Quatro longos anos, crescendo, oculto, sem alarde, nas entranhas da terra. Na superfície, a vida fervilha, as gerações de outros vegetais se sucedem, o trabalho da natureza, vaidosamente, se mostra ao mundo. Mas nossa espécie singular, nossa promessa de vir a ser bambusa mitis investe em seu futuro de árvore, silenciosa e implícita. 
Eis que, passados cinquenta meses, de obscuridade e invisível labuta, nasce o ser vivo que vida já tinha desde há muito. Depois que, enfim, expõe ao mundo suas formas, cores e fibras, o seu desenvolvimento externo, o seu porte e a altura que alcança superam a de praticamente todos os outros de sua família de gramíneas e muitos de outras tantas.
E o melhor de tudo: por mais alto que se torne e por mais forte que seja o vento que sobre ele se abata, ele não quebra. Ele balança para um lado, para outro. Ele enverga, arqueia suas formas. Curva-se ora em reverência, ora em humilde recolhimento. Esquiva-se em defesa. Empina-se em desafio. Ou simplesmente se move, em uma sugestão de dança que acompanha o ritmo da brisa. Ele quase que se dobra. Ele se retesa. Mas, definitivamente, o que ele não faz é partir-se. 
Mágica? Capricho da natureza indulgente? Longe disso. O segredo reside naqueles longos anos de persistente mergulho para dentro de seu solo. Durante aquele tempo em que construía seu lugar no mundo, sem aparecer, nosso pequeno broto criou raízes profundas. Desenvolveu sólido alicerce e uma estrutura capaz de mantê-lo ereto sob as mais inclementes adversidades.
E é lindo vê-lo espalhar-se pela superfície do solo, dominando o cenário, com a altivez, a harmonia de formas, simétrica diversidade. E é lindo o som que o vento faz quando passeia por entre seus caules. Mas o que causa verdadeira comoção é imaginar que ele já tinha vida e força, antes mesmo de se tornar público.
Estes professores que hoje se mostram ao mundo passaram conosco, pelo menos, os últimos quatro anos de sua vida. Alguns se demoraram um pouco mais na construção das raízes, outros se adiantaram, afoitos em atravessar as camadas do solo. Mas todos, sem dúvida, nos enchem de contentamento, principalmente por nos sabermos parte desse processo, de certo modo, lento e acelerado de formação.
Não foi fácil, nem foi simples, muitas vezes foi penoso. Terra árida, placas duras a romper. Aspereza de um solo nem sempre tão favorável. Mas as raízes foram sendo construídas, com perseverança e a intrepidez de quem se sabia dono de um destino bem mais alto.
Sonhando com as alturas, nossos meninos e meninas cavavam suas profundidades. Cresciam para dentro. Aprendiam a ter paciência, a esperar a hora de nascer, a conter os arroubos próprios dos brotos e dos filhotes.
E eis que aqui estão. E o que lhes aguarda é tão-somente o mundo. A brisa, o vento, o tornado, o furacão. O que lhes espera é a luz do sol. É a terra onde espalharão suas sementes. É o aprendizado diário das árvores.

Da parábola do bambu chinês, para a letra da canção brasileira: “há que se cuidar do broto, para que a vida nos dê flor, e fruto”.



Sejam bem-vindos, é hora de nascer!

2 comentários:

Joana disse...

Querida Taise!

Que bom que o Gabriel está melhor e com um sorriso lindo no rosto!
Obrigada pelo texto tão bonito e inspirador.
Gostaria de conversar com vc por e-mail, pois tem uma mammãe aqui em SP que está com um bebê de 4 meses que nasceu com um caso grave de encefalocele. Ela gostaria muito de entrar em contato com vc porém ainda está no hospital sem acesso à internet. Vc poderia me escrever? joanaschmitz@yahoo.com.br (não achei seu e-mail)

obrigada e beijos!

Camila mamãe de Miguel disse...

Oii Taise..
Obrigada mas Camila é realmente um nome lindo...rsrsrs!
Obrigada pelas palavras de força que me enviou no blog..
Estou torcendo muito para que chege logo o dia que terei meu Miguel nos meus braços.. Conto os dias!
Que lindo que o Gabriel tem se saido bem.. tem melhorado a cada dia.. Um anjo lindo que é!
Avisa ele que logo logo ele tera um amiguinho para brincarem.. rsrs

Um beijoo!